segunda-feira, 10 de maio de 2010
Os gumes da faca
Nem a chuva lá fora era capaz de lavar sua mente dos acontecimentos da noite anterior. Não deveria importar, era só mais um a menos. Talvez fosse o olhar indiferente, que não sentia medo, dor, nem sentiria nunca. Era o que parecia. Esquecê-lo é o que devo fazer, indo à janela a fim de, se se sentisse, tentar reproduzir aquele olhar castanho e indiferente. Não conseguiu. Lembrou-se dos cabelos grisalhos por trás da testa lisa e pálida. Nem suada estava, como pode? Não tremeu nem gemeu quando a faca atravessou sua barriga; pelo contrário, eu é que sentia seus olhos me perfurando, lenta e gravemente, enquanto morria. Eu ou ele? Acho que morri àquela noite também. Matei-o enquanto morríamos. Mas já estávamos mortos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Fazer o quê? Só resta enterrar...
ResponderExcluirtodo mundo morre todo dia e acha que sobreviveu... todo mundo
ResponderExcluiramei.
ResponderExcluir