quarta-feira, 14 de novembro de 2012

futuro

minha visão não passa dos muros
a velocidade dos carros passando
cercas e luzes amarelas
a memória de agora há pouco já se foi há muito
estou ancorado nessa terra
o tempo é o presente
presente demais

escuto o silvo dos murros
cataratas através do copo americano
onde já se vai o amor intenso e obscuro
de longas e longínquas eras

eu amo o mundo
o amor intenso e obscuro
que tenho por todas as coisas

domingo, 5 de agosto de 2012

derréve

coragem demais é afronta
é como suicídio sem janta

uma vez me acordaram de madrugada
perguntando "pronde cê vai"

pronde cê vai pronde cê vai

lembro que eu escutava a montezuma
e corria molente
minha única resposta era
"num tenho coragem nenhuma!"

desde então só confio em quem inda cora
isso que é coragem

sexta-feira, 27 de abril de 2012

os monstros

derramam piedade sobre tudo
e todos
igníloquos cambaleando na rua bamba
riem desesperadamente
afagando em receio, mero medo d'uma mordida

e em recíproca têm as blandícias
e gratuitamente choram loucos
e loucamente choram gratuitos

domingo, 29 de janeiro de 2012

--

abandone
enquanto passeia a mão nos lençois amassados

reapareça
repleta de abraços confusos

por fim negue
até um trago de cerveja congelada

e nunca mais apareça

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

swimming in the rain

quando chover
fazer nada
                      e nadar na chuva

sábado, 14 de janeiro de 2012

high cai #2

o vício na vida
me levará à morte
um dia

— VIVA!